quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Encontros e despedidas


Os caminhos da vida são imprevisíveis, como imaginar o que vai acontecer em um final de semana que parece não prometer nada além um breve passeio. Conhecer pessoas sempre é intrigante, cada qual com sua história e personalidade nem sempre sentem uma empatia instantânea, ou então, sentem-se como se fossem velhos amigos de infância.

Mas às vezes isso acontece de pronto, quando as pessoas se reúnem e se dispõe a conversar e conhecer o próximo através do diálogo. Esse é um detalhe que anda em falta nos últimos tempos, a disposição de se aproximar do outro sem reservas, de conversar sinceramente olhando nos olhos, sem os cuidados impostos pelos tempos em que vivemos, quando sempre alguém quer levar vantagem sobre alguém ou alguma situação, criando dificuldades para que os relacionamentos verdadeiros e naturais possam surgir.

Encontros são bons,  mas as despedidas não. Elas sempre são cercadas de emoções, tristezas e às vezes de alegrias. A emoção toma conta quando partimos ou quando pessoas queridas partem deixando saudades e um sabor indescritível de “quero mais tua presença”. A tristeza vem quando a partida é sinônimo de separação forçada ou prolongada. Se alguém muito amado desencarna, parte para ser mais uma estrela em nosso céu a tristeza e a dor são indescritíveis, mas se essa pessoa estava sofrendo muito, sua partida mesmo que muito dolorosa, nos traz o alívio do fim de seu sofrimento. Cinismo? Não, isso é o amor livre do egoísmo.

 E a alegria? Por estranho que possa parecer, algumas partidas provocam a alegria de ter novamente seu espaço de volta e o ambiente silencioso. Outras despedidas provocam todos os sentimentos juntos: emoção, tristeza e alegria. Assim se dá quando um amigo especial parte para o outro lado do país, para iniciar uma nova etapa em sua vida profissional, para quem fica resta a emoção da saudade, a tristeza de sua ausência e a felicidade pela torcida do seu sucesso, tudo junto e misturado, em um grande complexo emocional.

Como nos diz a canção de Milton Nascimento, “chegar e partir são só dois lados da mesma viagem”, conhecer pessoas e fazer amizades é maravilhoso e enriquecedor. Despedir-se é mais triste e muito difícil. O que vale no final é o que os encontros agregam em  nossas vidas, pois as despedidas são sempre temporárias.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Guerra Santa




Historicamente os homens sempre guerrearam pelo poder, seja ele político, econômico ou religioso. Qualquer que seja o motivo ou nome, uma guerra sempre é devastadoramente cruel, os exemplos são inúmeros.
De todas as guerras que já ocorreram, as chamadas Guerras Santas são as mais incompreensíveis e cruéis. Como alguém, que diz ter uma religião, que acredita em um Deus – seja ele qual for – pode ser capaz de ousar achar-se tão superior a outros que não compartilham de sua fé, ao ponto de pegar em armas para destruir seu “inimigo”?
Primeiro ponto: a religião deveria ser independentemente de sua vertente, uma forma de unir os seres humanos ao divino. Por divino entendo que são forças superiores ao plano terreno, superiores e melhores. O que não significa que uma religião seja superior ou melhor que outra.
Segundo ponto: quem acredita em um Deus – e repito, seja ele qual for – deveria aprender os princípios básicos do amor, da caridade e da fraternidade, mas acima de tudo o da humildade. O meu Deus não me faz melhor do que ninguém, portanto, não posso apontar a ninguém afirmando que sou sua salvação e se não for aceita com minha fé, não posso sair por aí atacando insandecidamente pessoas e seus templos.
O que pode haver de santo em uma guerra? Há mortes, torturas, fome e acima de tudo muita dor para todos envolvidos. Ao fim da guerra, em meio a tanto horror e destruição, quem poderá se sentir vencedor? Que Deus poderá se sentir honrado e engrandecido em cima da carnificina ocorrida?
Que tipo de fé pode promover tamanha atrocidade? Será mesmo fé ou haverá interesses estranhos sob a falácia da religião? Pensemos um pouco, quem está por trás das incitações à guerra santa? A quem interessa perseguir e atacar grupos diferentes do seu? Quem lucra com isso?
Afinal, quem realmente tem a intenção de “salvar almas” não sai por aí instigando a violência. Por fim, mas não encerrando em definitivo essa discussão, quem levanta a espada e fere seu semelhante tem a tão alardeada salvação?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Negra Léa



Em 11 de março de 1933, nascia no Rio de janeiro Léa Lucas Garcia de Aguiar, filha única de uma costureira e um bombeiro hidráulico, viveu uma vida tranqüila até os 11 anos de idade, quando prematuramente perdeu sua mãe e passou a viver com sua avó, que era governanta de uma família rica do Rio de janeiro.
Ainda jovem, conheceu um dos fundadores do Teatro Experimental do Negro, Abdias do Nascimento, com quem passou a viver após a proibição de sua família para que ela ingressasse na vida artística.
Apesar de difícil, foi uma decisão acertada, Léa Garcia foi uma das protagonistas do filme Orfeu Negro e fez um enorme sucesso, ganhou o Urso de Prata – 2° lugar como melhor atriz. Participou de várias novelas, filmes e peças de teatro e sempre foi uma ativista do movimento negro brasileiro.
Infelizmente, como em vários outros casos, seu talento não foi devidamente valorizado. Léa foi uma pioneira entre as atrizes negras brasileiras, ela junto a nomes como Ruth de Souza, Chica Xavier e Zezé Mota abriram os caminhos para que hoje, atrizes como Taís Araújo e Cris Vianna tenham maiores oportunidades em seu ofício.
Léa foi uma das personagens do livro Damas Negras, de Sandra Almada. Por conta deste livro, alunos do Guilford College dos Estados Unidos a escolheram como uma das dez mulheres que contribuíram pela luta dos direitos humanos e civis em todo mundo durante o século XX. Essa homenagem passou quase que despercebida pela mídia. Assim, como hoje está a imagem dessa atriz e mulher de personalidade forte e marcante.
No Brasil, temos a tendência de esquecer nossos valores culturais dando sempre preferência aos novos e instantâneos que surgem ou aos estrangeiros. Léa Garcia não é um caso isolado, mesmo ainda estando na ativa aos 79 anos atuando e militando pela causa do negro brasileiro. Ainda ontem, assisti um documentário sobre Bidú Sayão, quem se lembra dela? Em um próximo artigo a relembraremos e a outras personalidades injustamente esquecidas.




Léa Garcia e Abdias Nascimento como Ifigênia e
Emmanuel na peça Sortilégio: Mistério Negro, de Abdias Nascimento. Rio de Janeiro, Teatro Municipal, 1957.

terça-feira, 14 de agosto de 2012




Oriki Logun

ORIKI LOGUN
Ganagana bi ninu elomi ninu
Um orgulhoso fica infeliz que um outro esteja contente
se okùn soro èsinsin
É difícil fazer um corda com as folhas espinhosas da urtiga
Tima li ehin yeye re
Montado de cavalinho sobre as costas de sua mãe
Okansoso gudugu
Ele é sozinho, ele é muito bonito
Oda di ohùn
Até a voz dele é agradável
O ko ele pé li aiya
Não se coloca as mãos sobre o seu peito
Ala aiya rere fi owó kan
Ele tem um peito que atrai as mãos das pessoas
Ajoji de órun idi agban
O estrangeiro vai dormir sobre o coqueiro
Ajongolo Okunrin
Homem esbelto
Apari o kilo òkò tímotímo
O careca presta atenção à pedra atirada certeiramente
O ri gbá té sùn li egan
Ele acha duzentas esteiras para dormir na floresta
O tó bi won ti ji re re
Acordá-lo bem é o suficiente
A ri gbamu ojiji
Nós somente o vemos e o abraçamos como se ele fosse uma sombra
OkansosOrunmila a wa kan mà dahun
Somente em Orunmila nós tocamos, mas ele não responde
O je oruko bi Soponna /
Ele tem um nome como Soponna /
Soro pe on Soponna e nià hun
É difícil alguém mau chamar-se Soponna
Odulugbese gun ogi órun
Devedor que faz pouco caso
Odolugbese arin here here
Devedor que anda rebolando displiscentemente
Olori buruku o fi ori já igi odiolodi
Ele é um louco que quebra a cerca com a cabeça
O fi igbegbe lù igi Ijebu
Ele bate com seu papo numa árvore Ijebu
O fi igbegbe lú gbegbe meje
Ele quebrou sete papos com o seu papo
Orogun olu gbegbe o fun oya li o
A segunda mulher diz ao papo para usar um pente (para desinchar o papo)
Odelesirin ni ki o wá on sila kerepa
Um louco que diz que o procurem lá fora na encruzilhada
Agbopa sùn kakaka
Aquele que tem orquite ( inflamação dos testículos) e dorme profundamente
Oda bi odundun
Ele é fresco como a folha de odundun
Jojo bi agbo
Altivo como o carneiro
Elewa ejela
Pessoa amável anteontem
O gbewo li ogun o da ara nu bi ole
Ele carrega um talismã que ele espalha sobre o seu corpo como um preguiçoso
O gbewo li ogun o kan omo aje niku
Ele carrega um talismã e briga com o filho do feiticeiro dando socos
A li bilibi ilebe
Ele veste boas roupas
O ti igi soro soro o fibu oju adiju
Com um pedaço de madeira muito pontudo ele fere o olho de um outro
Koro bi eni ló o gba ehin oko mà se ole
Rápido como aquele que passa atrás de um campo sem agir como um ladrão
O já ile onile bó ti re lehin
Ele destroi a casa de um outro e com o material cobre a sua
A li oju tiri tiri
Ele tem olhos muito aguçados
O rí saka aje o dì lebe
Ele acha uma pena de coruja e a prende em sua roupa
O je owú baludi
Ele é ciumento e anda "rebolando" displiscentemente
O kó koriko lehin
Ele recolhe as ervas atrás
O kó araman lehin
Ele recolhe as ervas atrás
se hupa hupa li ode olode lo
Ele anda "rebolando" desengonçado para ir ao pátio interior de um outro
Òjo pá gbodogi ró woro woro
A chuva bate na folha de cobrir telhados e faz ruído
O pà oruru si ile odikeji
Ele mata o malfeitor na casa de um outro
O kó ara si ile ibi ati nyimusi
Ele recolhe o corpo na casa e empina o nariz
Ole yo li ero
O preguiçoso está satisfeito entre os passantes
O dara de eyin oju
Ele é belo até nos olhos
Okunrin sembeluju
Homem muito belo
Ogbe gururu si obè olori
Ele coloca um grande pedaço de carne no molho do chefe
A mò ona oko ko n ló
Ele conhece o caminho runsun redenreden
A mo ona runsun rdenreden
Ele conhece o caminho do campo e não vai lá
O duro ti olobi kò rà je
Ele está ao lado do dono dos obi e não os compra para comer
Rere gbe adie ti on ti iye
O gavião pega o frango com as penas
A noite coisa sagrada, de manhã coisa sagrada /
O bá enia jà o rerin sún
Ele briga com qualquer um e ri estranhamente
se adibo o rin ngoro yo
Ele tem o hábito de andar como a um bêbado que bebeu
Ogola okun kò ka olugege li òrùn
Sessenta contas não podem rodear o pescoço de um papudo
Olugege jeun si okurú ofun
O papudo come no inchaço de sua garganta
O já gebe si orún eni li oni
Ele quebra o papo do pescoço daquele que o possui
O dahun agan li ohun kankan
Ele dá rapidamente crianças às mulheres estéreis
O kun nukuwa ninu rere
Ele guarda seus talismãs numa pequena cabaça
Ale rese owuro rese / Ere meji be rese
Duas vezes assim coisa sagrada
Koro bi eni lo
Rápido como alguém que parte
Arieri ewo ala
A proibição do pássaro branco é o pano branco
Ala opa fari
Ele mexe os braços fantasiosamente
Oko Ahotomi
Marido de Ahotomi
Oko Fegbejoloro
Marido de Fegbejoloro
Oko Onikunoro
Marido de Onikunoro
Oko Adapatila
Marido de Adapatila
Soso li owuro o ji gini mu òrún
Bem desperto, ele acorda de manhã já com o arco e flecha no pescoço
Rederede fe o ja kùnle ki agbo
Como um louco ele se debate para colocar os joelhos no chão, como o carneiro
Oko Ameri èru jeje oko Ameri
Marido de Ameri que dá mêdo
Ekùn o bi awo fini
Leopardo de pele bonita
Ogbon iyanu li ara eni iya ti n je
Ele expulsa a infelicidade do corpo de alguém que tem infelicidade
O wi be se be
Assim ele diz e assim ele faz
Sakoto abi ara fini
Orgulhoso que possui um corpo muito belo.
 

domingo, 22 de abril de 2012

ORIKIS Oxossi



ORIKI ÒSSOSI
Òsoosì.
Oxosse !
Awo òde ìjà pìtìpà.
Ó orixá da luta,
Omo ìyá ògún oníré.
irmão de Ògún Onírè.
Òsoosì gbà mí o.
Oxosse, me proteja !
Òrìsà a dínà má yà.
Orixá que tendo bloqueado o caminho, não o desimpede.
Ode tí nje orí eran.
Caçador que come a cabeça dos animais.
Eléwà òsòòsò.
Orixá que come ewa osooso.
Òrìsà tí ngbélé imò,
Orixá que vive tanto em casa de barro
gbe ilé ewé.
como em casa de folhas.
A bi àwò lóló.
Que possui a pele fresca.
Òsoosì kì nwo igbó,
Oxosse não entra na mata
Kí igbo má mì tìtì.
sem que ela se agite.
Ofà ni mógàfí ìbon,
Ofà é a arma poderosa que o pai usa em lugar de espingarda.
O ta ofà sí iná,
Ele atirou a sua flecha contra o fogo,
Iná kú pirá.
o fogo se apagou de imediato.
O tá ofà sí Oòrùn
Atirou sua flecha contra o sol,,
Oòrùn rè wèsè.
O sol se pos.
Ogbàgbà tí ngba omo rè.
Ó salvador, que salva seus filhos !
Oní màríwò pákó.
Ó senhor do màrìwó pákó !
Ode bàbá ò.
Meu pai caçador
O dé ojú ogun,
chegou na guerra,
O fi ofà kan soso pa igba ènìyàn.
matou duzentas pessoas com uma única flecha.
O dé nú igbó,
Chegou dentro da mata,
O fi ofà kan soso pa igba eranko.
usou uma única flecha para matar duzentos animais selvagens.
A wo eran pa sí ojúbo ògún lákayé,
Arrasta um animal vivo até que ele morra e o entrega no ojubo de Ogum.
Má wo mí pa o.
Não me arraste até a morte.
má sì fi ofà owo re dá mi lóró.
Não atire sofrimentos em minha vida, com seu Ofà.
Odè ò, Odè ò, Odè ò,
Ó Odè! Ó Odè! Ó Odè!
Òsoosì ni nbá ode inú igbo jà,
Dentro da mata, é Oxosse que luta ao lado do caçador
Wípé kí ó de igbó re.
para que ele possa caçar direito.
Òsoosì oloró tí nbá oba gun,
Oxosse, o poderoso, que vence a guerra para o rei.
O bá Ajé jà,
Lutou com a feiticeira
O gun.
e venceu.
Òsoosì o !
Ó Oxosse,
Má bà mi jà o.
não brigue comigo.
Ogùn ni o bá mi se o.
Vence as guerras para mim
Bí o bá nbò láti oko.
Quando voltar da mata,
kí o ká ilá fún mi wá.
Colhe quiabos para mim.
Kí o re ìréré ìdí rè.e,
ao colhê-los, tire seus talos.
Má gbàgbé mi o,
Não se esqueça de mim.
Ode ò, bàbá omo kí ngbàgbé omo.
Ó Odè, um pai não se esquece do filho.

Osòsì - Com Tradução a Cada Linha 
Òsoosì. 
Oxosse ! 
Awo Òde Ìjà Pìtìpà. 
Ó orixá da luta, 
Omo Ìyá Ògún Oníré. 
irmão de Ògún Onírè. 
Òsoosì Gbà Mí O. 
Oxosse, me proteja ! 
Òrìsà A Dínà Má Yà. 
Orixá que tendo bloqueado o caminho, não o desimpede. 
Ode Tí Nje Orí Eran. 
Caçador que come a cabeça dos animais. 
Eléwà Òsòòsò. 
Orixá que come ewa osooso. 
Òrìsà Tí Ngbélé Imò, 
Orixá que vive tanto em casa de barro 
Gbe Ilé Ewé. 
como em casa de folhas. 
A Bi Àwò Lóló. 
Que possui a pele fresca. 
Òsoosì Kì Nwo Igbó, 
Oxosse não entra na mata 
Kí Igbo Má Aì Tìtì. 
sem que ela se agite. 
Ofà Ni Mógàfí Ìbon, 
Ofà é a arma poderosa que o pai usa em lugar de espingarda. 
O Ta Ofà Sí Iná, 
Ele atirou a sua flecha contra o fogo, 
Iná Kú Pirá. 
o fogo se apagou de imediato. 
O Tá Ofà Sí Oòrùn, 
Atirou sua flecha contra o sol, 
Oòrùn Rè Wèsè. 
O sol se pos. 
Ogbàgbà Tí Ngba Omo Rè. 
Ó salvador, que salva seus filhos ! 
Oní Màríwò Pákó. 
Ó senhor do màrìwó pákó ! 
Ode Bàbá Ò. 
Meu pai caçador 
O Dé Ojú Ogun, 
chegou na guerra, 
O Fi Ofà Kan Soso Pa Igba Ènìyàn. 
matou duzentas pessoas com uma única flecha. 
O Dé Nú Igbó, 
Chegou dentro da mata, 
O Fi Ofà Kan Soso Pa Igba Eranko. 
usou uma única flecha para matar duzentos animais selvagens. 
A Wo Eran Pa Sí Ojúbo Ògún Lákayé, 
Arrasta um animal vivo até que ele morra e o entrega no ojubo de Ogum. 
Má Wo Mí Pa O. 
Não me arraste até a morte. 
Má Sì Fi Ofà Owo Re Dá Mi Lóró. 
Não atire sofrimentos em minha vida, com seu Ofà. 
Odè Ò, Odè Ò, Odè Ò, 
Ó Odè! Ó Odè! Ó Odè! 
Òsoosì Ni Nbá Odè Inú Igbo Jà, 
Dentro da mata, é Oxosse que luta ao lado do caçador 
Wípé Kí Ó De Igbó Re. 
para que ele possa caçar direito. 
Òsoosì Oloró Tí Nbá Oba Ségun, 
Oxosse, o poderoso, que vence a guerra para o rei. 
O Bá Ajé Jà, 
Lutou com a feiticeira 
O Ségun. 
e venceu. 
Òsoosì O ! 
Ó Oxosse, 
Má Bà Mi Jà O. 
não brigue comigo. 
Ogùn Ni O Bá Mi Se O. 
Vence as guerras para mim 
Bí O Bá Nbò Láti Oko. 
Quando voltar da mata, 
Kí O Ká Ilá Fún Mi Wá. 
Colhe quiabos para mim. 
Kí O Re Ìréré Ìdí Rè. 
e, ao colhê-los, tire seus talos. 
Má Gbàgbé Mi O, 
Não se esqueça de mim. 
Ode Ò, Bàbá Omo Kí Ngbàgbé Omo. 
Ó Odè, um pai não se esquece do filho.
 

ORIKIS Oba



ORIKI OBÀ
Obà, Obà, Obà.
Obá, Obá, Obá.
Ojòwú Òrìsà,
Orixá ciumento,
Eketà aya Sàngó.
terceira esposa de Xangô.
O torí owú,
Ela, que por ciumes,
O kolà sí gbogbo ara.
fez incisões em todo corpo.
Olókìkí oko.
Que fala muito de seu marido,
A rìn lógànjó pèlú àwon ayé.
que anda nas madrugadas com as ayé.
Obà anísùru, ají jewure.
Obá paciente, que come cabrito logo pela manhã.
Obà kò b'óko dé kòso,
Obá não foi com o marido a Koso,
O dúró, ó bá Òsun rojó obe.
ficou para discutir com Oxum sobre comida.
Obà fiyì fún apá oko rè.
Obá valoriza os braços do marido,
Oní ó wun òun ju gbogbo ará yókù lo.
diz que é a parte de seu corpo que ela prefere.
Obà tó mo ohùn tó dára.
Obá sabe o que é bom.

Oriki Orunmilà



ORIKI ORUNMILÀ
Iba Olodumare
(Eu saúdo Olodumare, Deus maior)
Iba Orunmila
(Eu saúdo Orunmilá)
Iba Ogun Orisa Ile
(Eu saúdo Ogum, o dono da casa)
Iba Irunmole
(Saúdo os Irunmole, os Orixás)
Iba Ile Ogeere afoko yeri
(Saúdo a terra)
Iba atiyo Ojo
(Saúdo o dia que amanhece)
 Iba atiwo Oorun
(Saúdo a noite que vem)
Iba F'olojo oni
(Saúdo o dono do dia)
Iba Eegun Ile
(E saúdo o Egun da casa, nosso ancestral)
Iba Agba
(Saúdo os velhos sábios)
Iba Babalorisa
(Saúdo o pai-de-santo)
Iba Omo Orisa
(Saúdo os filhos-de-santo)
Iba Omode
(Saúdo as crianças)
Awa Egbe Odo Orunmila juba O, Ki iba wa se
(Nós, que cremos em Orunmilá, saudamos e esperamos que)
T'omode ba juba baba re, agbe'le aye pe
(Orunmilá ouça nossa saudação)
Ada se nii hun omo
(O filho que reverencia seu pai tenha longa vida e por nada sofrerá)
Iba kii hun omo eniyan
(Que a nossa saudação a nós poupe sofrimentos)
Akoogba kii hum oloko
(Que as plantas boas não falhem ao agricultor)
Atipa kii hun oku
(Que aos mortos não falte sepultura)
Aso funfun kii hun olorisa
(Que a Orixalá não falte o pano branco)
Kaye o-ye wa o
(Para que o mundo nos seja bom)
Ka riba ti se
(Que nossos caminhos se abram)
Ka, ma r'ija Omo araye O
(Que não vejamos a discórdia dos povos sobre a terra)
Ka'ma r'ija eleye O
(Nem a obra das feiticeiras, Ia Mi Ashorongá)
Ajuba O! A juba O!! A juba O!!!
(Nós saudamos, saudamos, saudamos)
Ase
(Axé)